domingo, 4 de março de 2012

Não posso mais depender de você


Espero horas por você, mas você não vem.

Você não para e não repara no que deixa para trás

Já te encontro cheio, cheio de pessoas como eu

Tudo em ti está ocupado e não sobra espaço para mais ninguém

Encontro-me em meio ao tempo perdido

Perco-me em busca de um futuro que não consigo alcançar

Meu futuro, que não chego a tempo para pegar

Eu te dei todo esse poder sobre mim, financiei sua prepotência

E espero, espero apenas que me retribua sendo justo

Mas você arranca meus principais e mais necessários direitos

Quero voltar a ir e vir sem depender de sua boa vontade

Não deixarei mais que me deixe nesse estado de submissão

Exijo libertar meu Estado de seus interesses egoístas

Pois eu criei você, eu pago o que te faz se movimentar

Chega de me privar das coisas que quero, chega de me privar de meu tempo

Não me prive de minhas ideologias e nem de seus deveres para comigo

Chega de toda essa privatização, quero um basta!

Já está na hora de você ser de todos.

(Weverton Leite). Obs.: Ao transporte coletivo

sábado, 24 de dezembro de 2011

Analgésicos


Todos nós temos dores que adquirimos ao longo de nossas vidas com a obtenção das experiências, com as contrariedades de nosso querer, metas não alcançadas, com grandes planos que não foram cumpridos - até mesmo os pequenos planos, pessoas que perdemos por culpa nossa ou não.

Não importa qual o motivo, todos temos dores e elas habitam dentro de nós, sempre vai estar alí, por mais que não as expressarmos, elas sempre vão se manifestar. Basta uma lembrança, um motivo mesmo que banal, talvez uma data, um cheiro ou a falta dele, uma pessoa talvez, enfim, está doendo e sabemos disso.

E então nos distraímos para descentralizar as atenções que se voltam a essas eternas e incômodas dores, anestesiamos das mais diversas formas, somos dependentes de tudo o que nos faz esquecer de nossas mazelas, dependentes de tudo o que mantém nosso olhar longe de nossas feridas abertas.

Assim levamos a vida, a humanidade viciada em analgésicos, cada um com o tipo e a dose certa do seu preferido; quando a dor volta a incomodar, só pensamos em tomar logo os onipotentes analgésicos; quando parece não estar adiantando, aumentamos a dose; se não adianta, vamos atrás de um outro e até caímos em depressão se não o encontramos rápido; em último caso, apelamos para a ilusão, ela é um analgésico genérico (o mesmo efeito só que mais “barato”).

A pergunta não é: “o que anestesia sua dor?” ou “qual é o seu analgésico preferido?” e nem é: “o que te causou esse sentimento?”. Trata-se mais da pergunta: “você precisa tomar tantos analgésicos e viver condicionado ao que te faz esquecer e às pessoas que momentaneamente te dão impulsos para suportar as dores?”.

Nossos problemas, em sua maioria, poderiam ser sanados se parássemos de ignorá-los irresponsavelmente.


(Weverton Leite)

sábado, 3 de dezembro de 2011

Sinto, logo existo

O ódio, a paixão, o querer, a perda, a admiração, o amor, a indiferença, a paz, a raiva, o vazio, o prazer, etc... São inúmeros os sentimentos, alguns não têm nome, outros são apenas flexões e continuidades dos mais fortes, mas as dosagens de cada um formam as receitas individuais do que somos na plena e pura sinceridade de apenas sermos.

Os sentimentos nos fazem perceber que estamos vivos, nos fazem ter vontades e sensações, mostrando as incorrompíveis essências almáticas eminentes antes das influências externas e, com isso, levam-nos ao nosso verdadeiro eu, ao nosso verdadeiro estado de existência independente das sanções sociais.

Somos nós quando somos à flor da pele, quando a alma grita em forma de nostalgia, de lágrimas, na forma de euforia, quando definitivamente estamos felizes, ou não.

Somos nós quando queremos algo e não interessa mais nada, nenhuma opinião, nem conselho, ou mesmo a verdade... Só queremos e pronto.

Somos nós quando estamos em nossos momentos mais imutáveis de fúria, nos momentos mais dolorosos de paixão, somos nós quando dizemos dane-se...

Passamos a maior parte do tempo perdidos do que somos, e só nos encontramos nas marcantes expressões de nossos sentimentos, assim existindo como alguém, sem precisar produzir, fazer aconterce, ou aparentar algo, apenas sentindo.

Somos nós existindo.


(Weverton Leite)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Aceitação Parasitária

O conformismo é um parasita que se alimenta dos sonhos, corrompe os desejos e anestesia o espírito.
Ele se aloja nos lugares mais sombrios a nós e familiares a ele, junto ao medo e à covardia.
Em resposta à malemolência descontrolada da mente hospedeira, racionam-se os raciocínios e padronizam-se os pensamentos.
Os primeiros indícios de sua presença expressam-se na ausência de manifestações, na falta do não e do sim, na falta da voz.
O conformismo é culminado na predominância do autoabandono irresponsável e vertiginoso, em meio ao costumeiro desconforto de uma vida não quista, mas previsível e aceitada.
(Weverton Leite)

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Carceris Vitae


Estamos cercados por padrões, por linhagens e medidas, presos em um mundo que já era quadrado, mas o centro do universo, e se tornou um globo dando voltas infinitivamente, assim chegando a lugar algum (triste rotina).

Os momentos mais marcantes da vida são feitos, não das regras, mas sim das exceções, ou até mesmo das quebras dessas regras, e por que não usar a palavra “libertação”?

Levanta-se então a idéia de que as regras são uma espécie de prisão imaginária, onde existem sansões para possíveis tentativas de fuga e até nossa própria consciência nos vigia e nos pune condenando-nos a carregar o seu peso.

Bilhões de pessoas, todos os dias, imitam os movimentos de nosso planeta. Elas vivem em suas rotinas diárias, em rotação às suas medíocres vidas e condicionadamente, por seus medos, giram em torno da luz como insetos sem nunca ir em direção a essa luz ou a qualquer outro lugar que as tirem desse ciclo vicioso.

Alguém já parou pra pensar que não precisa desse cotidiano? Talvez nossa própria influenciadora, mãe terra esteja pensando nisso e por tal motivo está se afastando timidamente (15 cm) todos os anos do sol, indo para qualquer outro lugar que a tire dessa condenação.
Enfim, precisamos viver mais sem dar tantas voltas, sem perder nosso pouco tempo, fazendo com que as regras virem exceções, pois as exceções marcam e são nossos melhores momentos.


(Weverton Leite)

sábado, 3 de setembro de 2011

E o mundo fica vazio.


Está faltando algo nesse mundo, algo que fazia a diferença e agora não está aqui, algo o qual deixa o mundo mais triste e apagado com sua ausência.

A dor da perda é mesmo exagerada e real. Parece irreversível e talvez seja mesmo, mas deixa criarmos a esperança de uma possível volta.

Como pode uma vida ter influência sobre outra de forma tão evidente? Como pode a falta dessa influência ser tão trágica ao ponto de mudar destinos?

O hoje se encontra num vício, onde a lembrança tem que ser consumida em grandes dosagens diárias, trazendo a idéia de que existe tal presença... Mas a ilusão acaba, trazendo acompanhada de seu fim, a desilusão de não ter mais o chão.

Quando não mais podemos fazer algo, na plenitude de nossa impotência frente à vida, recorremos para o nosso desconhecido, criamos esperanças nas coisas que estão além de nossos horizontes racionais.

Então nos apegamos à fé, ou à loucura de querer estagnar a sensatez ou o impossível.

“E eu gostava tanto de você”.

(Weverton Leite)

domingo, 19 de junho de 2011

O individualismo promove os problemas coletivos, só a coletividade garante a paz individual.

Nosso país está manchado pelo pensamento individualista, estamos sempre tentando garantir o nosso e, se der, garantiremos o deles também, para nós.

Somos verdadeiros malandros enganados por nossas próprias mazelas, roubados por nós mesmos, prejudicados por nos colocar à frente do bem, do mal e de quem era o primeiro da fila.

Roubamos o dinheiros dos investimentos em educação, saúde e segurança e, quando menos esperamos, percebemos que estamos sendo assaltados por um menino mal educado, estamos gastando o dinheiro roubado com hospitais privados (pois fomos atingidos por balas perdidas) e, no fim de tudo, morremos por termos sido atendidos por médicos mal formados.

Jogamos lixo nas ruas, nas praias, nos rios e não nos damos conta que teremos que pagar mais para o governo contratar alguém para limpar tudo. Quando nos damos conta, falamos: se eu não sujar, ele perde o emprego. Estamos tão individualistas que negligenciamos as conseqüências verdadeiras para que possamos nos dar o luxo de termos a consciência limpa.

Comemoramos intimamente o fato de termos escapado de uma injustiça que aconteceu com outros e, nem se quer, ficamos indignados diante do prejuízo alheio. Mas sempre nos vem a indignação por ver que fomos prejudicados e ninguém fez nada.

A quem estamos enganando? Só a nós mesmos. Somos os otários vítimas da própria malandragem.


(Weverton Leite)